Como surgiu meu interesse pelas artes?
Vasculhando a minha memória, lembro-me de um bloco grande de desenho utilizado nas aulas de artes durante o ginásio. Desenhei um tronco de árvore preenchendo a folha e através do guache pintei com cores vivas a imagem. Predominava o alaranjado contrastando com o marrom e na imagem havia um desenho que lembrava um olho. Desde aí o olhar se fez presente. Alguns anos depois, lendo gibis da Turma da Mônica e da Disney, gostava de copiar os desenhos em tamanho maior em folhas avulsas. Guardo comigo alguns até hoje. Não me tornei pintora, nem desenhista, mas meu olhar não se desvinculou de imagens. Meu pai tinha uma Kodak Retinette da qual tirava fotos da família. A curiosidade de ver as imagens reveladas me fascinava, principalmente fotos mais antigas reveladas em preto e branco. A textura do papel fotográfico dava um ar de sofisticação. Mais adiante, minha paixão pela fotografia se intensificou ao ver reveladas fotos tiradas pelo namorado de uma amiga de uma excursão que não pude participar. Descobri como era possível registrar grandes momentos. A vontade de ter a minha própria câmera surgiu após uma caminhada ecológica de Belo Horizonte a Nova Lima passando pela Serra do Curral que participei no segundo ano científico. Foi nesse passeio que surgiu meu amor pela natureza. As fotos do evento, em preto e branco, eram expostas no mural da escola e tinha a opção para adquiri-las. Apareci em uma única foto da qual não hesitei em comprá-la. Hoje ela faz parte das minhas relíquias. A possibilidade de ter algo que remetesse a grandes lembranças mexeu muito com a minha sensibilidade. Com a foto em mãos tive a certeza de que era possível registrar grandes emoções. Ter a minha própria câmera passou a ser meu principal objetivo. Assim adquiri a minha primeira câmera, uma Kodak automática. Eram vendidos filmes de 24 e 36 poses e muitas vezes fiquei desapontada por fotos que ficaram escuras. Foi aí que comecei a descobrir a influência da luz. Ao longo do tempo fui adquirindo outras câmeras, inclusive a digital. Hoje não sei viver sem a fotografia, sou amadora, mas em busca incessante de novos olhares.